A Fórmula 1 é praticamente um organismo vivo com relação à segurança e o HANS é um dos apetrechos que fazem este organismo melhorar a cada temporada.
Muito pouco falado, celebrado ou até mesmo percebido, o HANS não tem esse nome por causa de algum cientista alemão que colocou o seu sobrenome no dispositivo. Na verdade o criador dele foi Robert Hubbard, um engenheiro falecido recentemente, em 2019, mas que salvou inúmeras vidas não apenas na F1, mas em outras categorias.
Qual é o significado de HANS?
HANS é a sigla de Head And Neck Support, na tradução livre "Suporte de cabeça e pescoço", simples assim.
Chamar de HANS é muito mais legal, em português ele provavelmente ficaria SCP.
Qual o tipo de trauma o equipamento evita?
Quando um carro bate em alta velocidade, a desaceleração é muito violenta e o cinto de segurança até consegue manter o corpo da pessoa encostado no banco, mas a cabeça é projetada para frente e para trás com muita força, produzindo o efeito chicote que machuca fortemente a coluna cervical na altura do pescoço e, em último caso, mata o piloto, pois todo o peso do corpo é projetado na frágil estrutura da coluna.
O projeto do HANS faz com que este peso seja distribuído também para o peito, uma estrutura mais forte do corpo humano, além de diminuir muito o chicote feito com a cabeça por causa das tiras que ligam a cabeça do piloto ao cockpit.
Quando o dispositivo foi criado?
Na década de 80 o cunhado de Hubbard, o piloto Jim Downing, mostrou inquietação com acidentes em que pilotos morriam ou ficavam gravemente feridos por causa do efeito chicote.
Neste momento Robert Hubbard decidiu criar o dispositivo que salvaria muitas vidas no futuro.
Feio, desconfortável e grande, o protótipo do HANS foi testado por Jim Downing, mas execrado por pilotos da Fórmula Indy, que destacaram que o aparelho poderia, inclusive, gerar um acidente por dificultar a visão periférica e mal caber num monoposto.
O HANS seguiu sendo aperfeiçoado na década de 90.
A virada que deu a vitória a Robert Hubbard veio
Assim como na aviação, a Fórmula 1 aperfeiçoa a sua segurança de acordo com os acidentes que ocorrem. Ela demora muito mais a admitir seus erros, mas um dia ela admite. Em 1999 o piloto Gonzalo Rodriguez, competidor da Fórmula Indy, sofreu um acidente fatal cujo diagnóstico foi uma fratura basal craniana.
Consternados com a situação, os médicos Steve Olvey e Terry Trammell, que trabalhavam na Fórmula Indy e tinham conhecimento do HANS passaram a fazer uma campanha ferrenha para que o dispositivo já evoluído fosse obrigatório em todas as categorias do automobilismo.
Àquela altura, o aparelho já vinha sendo testado na Fórmula 1 por alguns pilotos.
O Brasil também participou desta cruzada, Steve Olvey era próximo de Christian Fittipaldi, piloto brasileiro que, segundo ele conta em seu livro Rapid Response, era exigente com a segurança dos veículos que pilotava. Se Christian dissesse que o HANS estava perfeito, o dispositivo estaria ok para se tornar obrigatório.
Christian Fitipaldi aprovou o aparelho no ano 2000, fazendo com que o HANS se tornasse dispositivo obrigatório na F1 3 anos depois.
Na NASCAR o equipamento era opcional e vários pilotos não gostavam do mesmo. Um desses pilotos foi Dale Earnhardt, que sofreu um acidente em que poderia ter sobrevivido se tivesse usando o HANS.
Quando o HANS tornou-se obrigatório na Fórmula 1?
Em 2003 o aparelho passou a ser obrigatório na maior categoria do automobilismo mundial, tornando-se obrigatório na NASCAR apenas em 2005.
De lá para cá, o dispositivo criado por Robert Hubbard salvou várias vidas.